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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

De uma janela

   O que se vê por uma janela é sempre curioso e sincero, guarda e traz surpresas. Boas ou ruins, tanto faz, mas são surpresas que nos invadem a alma pelas janelas do corpo, os olhos. E adentram-nos como casas. Como coisas.
 

   De fato, algumas pessoas parecem-me casas. Quanta invasão a própria alma destas não deve haver?!

   Certamente, isso não é de todo ruim, Chico Buarque canta, na música "A banda", que "a moça feia debruçou na janela pensando que a banda cantava pra ela...", pra ver a banda passar, pra esquecer-se de seus males, distrair-se de si mesma.

   Alguém com o privilégio de ser invadido pelas luzes da janela, deve guardar esse brilho em si, quase que sendo dele fonte.

   E as moças tristes, podem sorrir, e as rosas tristes, podem se abrir, pois o foco sai de si e desdobra bem a sua frente um mundo prazerosamente novo, que pode ser desvendado, conhecido pelos sentidos.

   Pessoas com esse dom permeiam minha vida e me trazem felicidade e leveza.

   Absorvem-me como se eu fosse o brilho que há além da janela e eles o observador para quem o brilho é precioso, quase imprescindível

   Pois, ao mesmo tempo que me toma e me faz mais pura, mais leve, esquece-se de si, guardando-se dos seus males e dores.

  Assim, o ser atrás da janela não é só invadido por mim, mas também me invade. Logo, a luz além da janela e a própria janela, são prazerosamente invadidas. Divertindo as próprias almas com um pouco do mundo sempre fantasioso que o outro é.




                                          Larissa Cunha
                                          16/out/09